50 ANOS DE CONSAGRAÇÃO : minha gratidão e louvor
Há sete ano vivo a missão em Santarém e sinto que é uma graça especial celebrar os 50 anos de Vida Consagrada nesta diocese que celebra o Ano Mariano com cunho vocacional.
O retorno a Cuneo neste ano, a minha cidade de origem e o berço da Congregação, me permitiu também celebrar com as minhas companheiras de Consagração o nosso jubileu de ouro; na catedral da cidade onde as nossas primeiras irmãs de s. Jose receberam o habito religioso e emitiram os votos, renovamos com alegria o nosso “sim a Deus e ao querido próximo”.
Dou graças ao Senhor “que me quis, me escolheu e me consagrou no Pequeno Projeto” oferecendo-me graça de viver a Consagração na missão no Brasil.
De fato, após a minha profissão perpetua, com alegria e entusiasmo parti logo com outras sete irmãs de S. Jose de Cuneo para abertura de duas comunidades no Brasil, uma na periferia de Curitiba e outra na Baixada Fluminense.
Nestas comunidades aprendemos a falar, descobrir os valores deste povo bom e acolhedor e apreciar as tantas maravilhas da natureza, a olhar a realidade com olhos críticos, a caminhar e a rezar com o povo, a viver e compartilhar dores e alegrias, esperanças e dificuldades e, à Luz da Palavra de Deus, encontrar luzes e pequenas soluções.
São 45 anos que vivo a missão no Brasil e olhando este longo tempo sinto sobretudo o convite a louvar e agradecer. Reconheço que foi um tempo de graças e de benção, um dom precioso para mim e para a Congregação, para o povo de Deus e as igrejas locais por onde passamos.
· Minha gratidão porque a missão ad Gentes “abriu novos horizontes”, colocando-nos em contato com tantas realidades, algumas com sinais visíveis e concretos da presença do Reino de Deus já no meio de nós. E outras, no entanto, desfiguradas e contrarias à proposta do Evangelho : “Que todos tenham vida e vida em plenitude”.
Carrego em meus coração e revejo com meus olhos tantos rostos feridos e machucados, pessoas sem nome, sem vez e voz, situações que clamam e gritam por justiça e vida.
· Minha gratidão por ter vivido ao longo dos anos numa igreja aberta e sensível para com os pobres e pequenos, tanto nas periferias das grandes cidades, como no campo e agora no coração da Amazônia. Uma igreja que em fidelidade a Jesus defende a justiça e a fraternidade, uma igreja corajosa e profética, capaz de dar a sua vida para salvar vidas ameaçadas e colocadas a margens.
· E nesta Igreja viva e atenta às periferias existenciais, o imenso dom da Eucaristia e da Palavra de Deus: Jesus Eucaristia nosso alimento cotidiano, sustento em nossa caminhada pessoal e comunitária.
Com o povo aprendi a ler e a saborear a Palavra de Deus, a sentir o tesouro que a Sagrada Escritura é na nossa vida e na vida das Cebs. Experimentei a alegria da Palavra de Deus partilhada em grupo e celebrada em comunidade, experimentada como algo familiar e próxima, luz que ilumina a realidade e indica o caminho, inquieta e incomoda como fogo que arde e aquece.
· Minha gratidão vai às inúmeras pessoas que encontrei na minha caminhada de 50 anos e que foram para mim escola de vida e testemunhas de fé. Aos numerosos leigos que vi nascer e desabrochar dentro das Cebs, crescer no compromisso para o Reino ... e hoje assumirem os diversos ministérios que a Igreja e a sociedade precisam. Minha gratidão sobretudo aos pequenos e pobres aos quais Deus revela os mistérios da sua Graça.
· Desde 2010 vivo a experiência de caminhar numa comunidade Inter congregacional, somos membros de três congregações de irmãs de S. José da federação italiana. É certamente uma graça, uma benção, um dom especial que o Senhor nos concedeu. Caminhamos juntas no respeito das diferenças e com a força do Carisma que sempre de novo nos impulsiona “a ir para onde ninguém vai”, às periferias e as novas frente de missão. Somos inseridas no Baixo Amazonas, numa realidade contrastante onde percebemos a cada pouco as maravilhas e o vigor da natureza na sua explosão de beleza e grandeza e, ao mesmo tempo, nos deparamos com situações que gritam e gemem de dor por causa do desmatamento, da agressão ao meio ambiente e aos povos que aqui vivem, do sistema que exclui e empobrece cada vez mais os pequenos. Acreditamos que esta experiência possa fazer nascer algo novo dentro das nossas congregações e com esperança olhamos o futuro, vivendo com paixão o hoje.
· E minha gratidão para com nossas congregações, nossas famílias e Igrejas locais, grupos e amigos, que embora distantes nos sustentaram e acompanharam com a oração, a solidariedade, o carinho e a ajuda concreta, promovendo a ação pastoral e favorecendo os projetos de missão.
Com o salmista também meus lábios e meu coração cantam: “Como é que vou retribuir ao meu Senhor tudo de bom que Ele por mim realizou?”
Ir Ana Clara Corino
Ir de S. José
Comunidade Inter congregacional na Amazônia